Meditação e educação

Cultura é definida como um produto da inteligência humana; o paradoxal nesse aspecto é que nós, seres humanos, também somos produto de uma mesma cultura produzida por nós mes­mos. É como se fosse um sistema de retroalimentação. Vivemos em uma cultura na qual o que se valoriza são os objetivos alcan­çados, as metas ultrapassadas no campo da posse, dos títulos, dos destaques, do ser o melhor.

Mas não entenda o problema como sendo essa conduta; o problema é visar objetivos que não o satisfazem por um simples agrado de status social; o problema não é ultrapassar metas, mas ultrapassar os limites da ética; o problema não é ter, mas sim deixar que o que você tem te tenha; o problema não é buscar ser o melhor, mas tentar ser melhor que terceiros quando você deveria buscar ser melhor amanhã do que você é hoje. Mas o que esperar de um cidadão que foi for­jado ao longo de sua vida escolar e social sobre esses ditames? Competição, valorizar a fama e não a importância, estar sempre “atualizado” com o que há de “melhor” em termos materiais, almejar um título que o destaque na sociedade para que seja “melhor” do que o comum, uma formação educacional exclusiva­mente conteudista; ter um impacto na sociedade.

E nesse ponto abordo o quesito: Valores. Sabemos que o valor envolve singularidade, ou seja, o que é valioso para você pode não ser para mim e vice versa; no entanto há a necessidade de um denominador comum quando se trata de sociedade. Por mais que nossos valores possam diferir entre si, precisamos de valores comuns que nos possibilitem o convívio mútuo. Valores que promovem a ética e o progresso social devem ser prioriza­dos em detrimento de uma sociedade produtiva e eficiente. Até então parece tudo lógico; mas entre a teoria e a prática, nessa questão há um espaço abismal. Mas quais valores são esses de senso comum? Eu tenho uma teoria. Chamo-a de autoconscien­tização.

Perceba que por definição, ser “humano” incute a ideia de ser bom; portanto, se você nasce humano, ser bom é algo intrínseco à sua natureza. Como achar essa bondade inerente a essa condição? Conhecendo a si mesmo. Perceba que vivemos pautados no hedonismo da superficialidade, tudo agora é des­cartável; tudo! Ao aprofundar-se em si mesmo perceberemos o que realmente importa; a essência do que vem a ser humano. E esse não é um discurso piegas, é uma questão de lógica. Viver uma vida superficial e prazerosa não é viver uma vida profunda e feliz. Prazer é satisfação momentânea dos órgãos do sentido, MOMENTÂNEA; felicidade é um estado de espírito que vale por si só.

E uma das ferramentas para se conhecer é a meditação. Essa não está restrita ao campo do misticismo, pelo contrário, é um sistema muito utilizado e estudado pelas ciências humanas nas mais diversas áreas. Não se trata de ficar “zen”; mas de desen­volver sua inteligência emocional, suas capacidades cognitivas, de higienizar sua mente. Sabe o que acontece com seu corpo se você não higienizá-lo? Você adoece e diminui sua expecta­tiva de vida. Por que seria o contrário com sua mente cheia de entulhos, mágoas e ressentimentos? Imagine uma criança edu­cada sobre esses parâmetros? Por isso estou promovendo um curso de formação em prática e docência de meditação; e nesse curso desenvolveremos um projeto para inclusão da meditação, de uma forma laica, nas escolas de nossa cidade. Não entenda que por termos como cultura a corrupção, a superficialidade, a insatisfação e a revolta desde quinhentos anos atrás, sejam qua­dros imutáveis; muito pelo contrário; como disse, cultura é um produto da inteligência humana, portanto, dinâmica e mutável. Não gosta do mundo em que vive, comece a mudá-lo. Que saber como? Gostou da proposta do curso e do projeto de inclusão da meditação nas escolas? Quer aprender a meditar, desenvolver seu foco, aprender a lidar com seus sentimentos e emoções? Participe. Talvez não sejam as leis que precisam ser revistas e reformuladas; mas sim, os valores e princípios em que nossa sociedade está pautada.

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