Qual é a primavera da vida?

Algumas pessoas contam suas vidas pelo número de prima­veras. Talvez porque o sentido de renovação dessa estação do ano seja uma metáfora forte para mostrar que a vida, quando se gasta, também se renova. Apesar da passagem dos anos, e dos avanços e dificuldades que toda existência mostra, a primavera vem e revela que sempre há um novo desabrochar. As cores mudam, o que estava escondido se revela. O ciclo se completa.

Talvez até por isso também que muita gente procura o significa­do para o que é a “primavera da vida”. Seria ela nossa infância, cheia de ludicidade, aprendizado e curiosidade? A adolescência, com sua energia, rebeldia, seus fortes sentimentos? Ou a fase mais adian­tada da juventude, quando nos tornamos adultos e começamos a entender melhor a confusão da vida? Parece que as dúvidas sempre pairam por aí, mas é difícil ver alguém considerando a maturidade como a primavera da vida, ou a própria velhice. Parecemos ter a certeza de que estamos nos encaminhando, no fundo, para o outono e o inverno, e o medo de murchar se torna cada vez mais premente.

É por isso que eu prefiro pensar daquela maneira lá em cima e acreditar que as primaveras são muitas, e não uma só. Existe inverno dentro da gente desde o início; existe o medo e existe a tristeza, o frio da alma e o calor da raiva também, em diversos momentos. É por isso que não se pode colocar um rótulo em qual seria nossa primavera, afinal de contas, ela pode estar esperando por nós na próxima esquina, no próximo dia, na próxima estação.

As crianças aprendem o que são as estações em seus primei­ros anos de vida, e antes de se tornarem adultos e terem preferên­cia sobre qual época do ano é a preferida, aprendem a entender e respeitar cada fase. Que cada um de nós, independentemente do período do ano ou da vida, saiba entender e respeitar a estação que está morando dentro da gente nesse momento.

Feliz primavera. Feliz infância.

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