Mateus 1:2

"Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;"

 Abraão

Abraão nasceu sob o nome Abrão, provavelmente na cidade de Ur, na Babilônia, por volta de 1800 a.C. Há porém estudiosos que afirmam que ele teria nascido na India, tendo posteriormente migrado para a Ásia. Flavio Josefo(37-100 AD), historiador judeu, autor de "A história dos Hebreus", escreveu que Aristóteles teria dito: "...estes judeus são descendentes de filósofos indianos; são conhecidos como Calani Indianos." Esta questão, entretando, será abordada em detalhes nos comentários do Livro de Gêneses, principal fonte do que sabemos sobre Abraão. 

 Ele era filho de Terá, um mercador de ídolos (vendia estátuas dos diversos deuses da região), mas desde sua infância questionou a fé de seu pai e vivia em busca daquilo que considerava a verdade, tendo chegado à conclusão, na qual passou a acreditar, de que o universo inteiro foi fruto da obra de um único Criador, e começou a ensinar esta crença aos outros.

Abrão tentou convencer seu pai, Terá, de que era tolice a adoração de ídolos. Um dia, quando Abrão ficou sozinho cuidando da loja de seu pai, pegou um martelo e esmagou todos os ídolos, exceto o maior de todos. Ele colocou o martelo na mão do maior ídolo. Quando seu pai retornou e perguntou o que havia ocorrido, Abrão disse: "os ídolos começaram uma luta e o maior esmagou todos os outros. Seu pai disse, "Não seja ridículo, estes ídolos não tem vida ou poder. Eles nada podem fazer." Abrão pergunta: "Então, por que você os adora?"

Em dado momento, o único e verdadeiro Criador, o qual Abrão vinha adorando, o chamou e fez uma oferta a ele: se Abrão deixasse sua casa e sua familia, Deus faria dele uma grande nação e o abençoaria. Abrão aceitou a oferta, e o pacto entre Deus e o povo Hebreu foi estabelecido (Gen. 12)

A ideia do pacto é fundamental para o Judaismo tradicional: temos um pacto, um contrato com Deus, o qual envolve direitos e obrigações para ambas as partes. Temos certas obrigações com Deus, e Deus tem certas obrigações conosco. Os termos deste pacto tornaram-se mais explícitos com o tempo, até a época em que a Torah foi dada. Abrão foi submetido a dez testes de fé para provar seu merecimento neste pacto. Deixar sua casa foi um destes testes. 

Abrão, criado como morador urbano fixo, adotou um estílo de vida nômade, viajando, pelo território onde hoje é a terra de Israel, por muitos anos. Deus havia prometido esta terra aos descendentes de Abrão. Abrão é mencionado como hebreu, possivelmente porque ele era descendente de Eber ou possivelmente porque ele veio do "outro lado" (eber) do Rio Eufrates.

Mas Abrão estava preocupado, porque não tinha filho e estava ficando velho. A mulher amada de Abrão, Sarai, sabia que já havia passado a sua idade de gerar filhos, assim ela ofereceu sua escrava, Hagar, como mulher para Abrão. Esta era uma prática comum na região, naquela época. De acordo com a tradição, Hagar era uma das filhas do Faraó, dada a Abrão durante suas viagens ao Egito. Ela deu um filho a Abrão, Ismael, o qual, de acordo tanto com a tradição dos muçulmanos,  como com a dos judeus, é o pai dos povos árabes (Gen.16) 

 Quando Abrão tinha 99 anos e Sarai 90, Deus prometeu a Abrão um filho, gerado por Sarai. Deus então mudou o nome de Abrão para Abraão (pai de muitos), e o de Sarai para Sara (de "minha princesa" para "princesa") . Sara então deu um filho a Abraão, Isaque, um nome derivado da palavra "riso", expressando a alegria de Abraão por ter um filho em idade tão avançada.

A prova mais difícil da vida de Abraão foi a de sacrificar seu filho. Deus disse a Abraão para tomar seu filho, seu único filho, Isaque, a quem ele amava, e fosse para a região de Moriá e o sacrificasse ali como holocausto, num dos montes que fosse indicado. Abraão sequer questiona a ordem absurda, pelo menos a Bíblia não menciona, e já na manhã seguinte levanta-se, prepara o jumento e, depois de cortar a lenha para o holocausto , parte em direção ao lugar que Deus lhe havia indicado. O próprio Isaque levou a lenha para o sacrifício. Abraão levou as brasas para o fogo e a faca. Durante a caminhada para o local do sacrifício, Isaque pergunta a Abraão sobre o cordeiro para o holocausto, já que as brasas e a lenha estavam já disponíveis. Neste ponto Abraão demonstra sua enorme fé ao responder que Deus haveria de prover o cordeiro para o holocausto. Em outras palavras, Abraão tinha a fé inabalável de que o seu filho não seria sacrificado. Mesmo assim ele foi até as últimas consequências e, no último momento, quando já havia posicionado a faca no pescoço do seu filho, um anjo o interrompe dizendo: "Não toque no rapaz. Não faça nada com ele. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, seu único filho." Ao erquer os olhos, Abraão viu um carneiro, preso pelos chifres num arbusto. Foi pegá-lo e o sacrificou como holocausto, em lugar de seu filho.

Abraão morreu com 175 anos de idade.

Com efeito, o que vincula Abraão a Jesus Cristo não são os apectos meramente genealógicos,  mas os seus próprios princípios e práticas de vida. Abraão foi um inovador em seu tempo, assim como Jesus foi no seu.  Suas grandes realizações foram resultados de seus elevados ideais e de sua fé na realização deles. Por isso Deus o favoreceu. Ele ousou crer em um único Deus, numa terra de muitos deuses. Ele percebeu a presença do Criador na harmonia do universo. Ele acreditava que as coisas não são como são, são como acreditamos que sejam. Em outras palavras temos o poder de transformar o bem em mal e vice-versa. Ele demonstra este ponto de vista quando, as separar-se de Ló, dá a ele a opção de escolher o território que quisesse. Mesmo escolhendo o melhor território, Ló não se deu bem. Abraão, por sua vez, sabia e acreditava que, independente do que sobrasse para ele, tal seria bom, ou seria transformado em algo bom.

Mesmo no momento mais difícil de sua vida, diante da perspectiva de ter que sacrificar seu único e amado filho, ele manteve sua fé inabalável, não permitindo que a dúvida ou o medo inviabilizassem os seus planos e propósitos, garantindo-lhe assim, os resultados que esperava. De forma que, mesmo quando cometeu erros, como nas ocasiões em que mentiu dizendo que Sara era sua irmã, ainda assim foi favorececido.

Há inúmeros outros fatos relevantes na vida de Abraão, que são abordados nos comentários ao livro de Genesis.

Isaque

Único filho de Abraão com Sara. Foi pai dos gêmeos Esaú e Jacó. O único patriarca cujo nome não foi mudado.

Comparado com Abraão e Jacó, a vida de Isaque foi bastante tranquila, sem maiores incidentes.

Nasceu quando Abraão tinha 100 anos, sendo o seu segundo filho e o primeiro e único de Sara. 

Em algum momento de sua juventude, mais provavelmente entre 17 e 30 anos de idade, foi levado por seu pai Abraão ao Monte Moriá para, conforme determinação divina, ser oferecido em sacrificio, o qual foi impedido por um anjo, no momento em que o ato estava para ser consumado.

Podemos presumir que Isaque foi co-participante do teste de fé de Abraão, pois não ofereceu resistência ao próprio sacrificio, ao contrário, colaborou passivamente, embora tivesse condições físicas para resistir, em função de sua idade. Ou seja, ele demonstrou fé semelhante à do pai, na certeza de que haveria uma solução favorável diante da situação extremamente difícil, como de fato houve.

Aos 40 anos casou-se com Rebeca, que foi trazida da Mesopotâmia, da parentela de Abraão, sob ordem deste. Assim como Sara, Rebeca também era estéril. Também engravidou-se milagrosamente dando à luz os gêmeos Esaú e Jacó. Na ocasião, Isaque estava com 60 anos de idade. Esaú era o favorito de Isaque, enquanto Jacó era o favorito de Rebeca.

 Foi enganado pelo próprio filho Jacó, que aproveitando-se da quase cegueira do velho pai, e ajudado por Rebeca,  fez-se passar por Esaú a fim de receber do pai a bênção da primogenitura, devida a este.  Assim, Jacó tornou-se o primogênito, deixando Esaú em segundo plano. O fato de ter sido passado para trás suscitou a ira de Esaú, que a partir de então buscava matar o próprio irmão.

Temendo pela vida de Jacó, Isaque o manda para a Mesopotâmia, a fim de evitar um confronto com Esaú, e para encontrar uma esposa para si.

Isaque viveu 180 anos.

É plausível supor que a boa vida de Isaque tenha relação direta com o seu comportamento na ocasião em que quase foi sacrificado pelo pai. Ele não ofereceu qualquer resistência, ao contrário, até mesmo colaborou para a consumação do ritual, demonstando total desapego pela própria vida. Porém deixamos para nos aprofundar na questão nos comentários de Gênesis.

Jacó

Jacó foi um dos grandes patriarcas do Velho Testamento, apesar de ter praticado vários atos que nos levam a questionar o seu caráter. Manipulador e mentiroso, não hesitou em enganar o próprio pai, quase cego, a fim de obter o direito de primogenitura, que não lhe pertencia, mas a seu irmão gêmeo Esaú.

Jacó nasceu segurando o calcanhar de Esaú, numa tentativa de nascer primeiro e tornar-se o primogênito, e herdeiro dos direitos do pai. Este fato levanta uma questão intrigante: como foi possível, ainda sendo um feto e, portanto, sem qualquer conhecimento ou consciência, conforme a doutrina predominante de que não há existência anterior ao nascimento, que Jacó tivesse a iniciativa de segurar o calcanhar do irmão visando nascer primeiro? Ou trata-se de mera coincidência ou somos forçados a admitir que Jacó tinha pleno conhecimento do que representava, naquelas circunstâncias, a primogenitura. Isto, porém, é assunto a ser tratado em outro local.

O nome Jacó significa "aquele que segura o calcanhar" ou "aquele que engana". E sua vida fez jus ao próprio nome. Ele e sua mãe Rebeca agiram juntos para enganar o pai, tirando de Esaú o direito de primogenitura e as bençãos que tal direito lhe proporcionavam. Mais adiante na vida de Jacó, Deus muda seu nome para Israel, que significa "aquele que luta com Deus".

Conforme o relato de Gênesis, Jacó literalmente travou uma luta contra o próprio Deus, durante uma noite inteira, ao final da qual o Senhor tocou a articulação da coxa de Jacó, deslocando-a. Mesmo assim, Jacó disse que não soltaria o homem contra quem lutou enquanto ele não o abençoasse. Ele não apenas foi abençoado, como teve o seu nome mudado para Israel. Houve uma mudança radical na vida e no caráter de Jacó a partir de então. 

Jacó teve 12 filhos, a partir dos quais foram estabelecidas as 12 tribos de Israel. Um deles foi José, uma figura chave no Velho Testamento.

O exemplo que Jacó nos deixa é o da determinação e da persistência. Embora cometendo excessos, ele não abriu mão de seus objetivos, o que ficou evidenciado na metáfora da sua luta contra o próprio Deus.

© 2018 Top Level. Todos os direitos reservados. Designed By Top Level