Gênesis 1:1

No princípio criou Deus os céus e a terra.

No princípio

 

Refere-se ao determinado momento em que o universo começou a existir. Conforme versão sustentada pela ciência, tal teria ocorrido há cerca de 15 bilhões de anos, quando houve a chamada Big Bang ou Grande Explosão, que deu origem ao universo que conhecemos hoje.

 

Ao se estabelecer um princípio ou um momento em que tudo começou a existir, automaticamente abre-se a oportunidade para se perguntar o que havia antes. Há três situações: 1) nada existia, exceto o Logos, que preencheu o espaço ao longo da eternidade passada, ou seja, só existia Deus e nada mais; 2) assim como o Criador, o universo sempre existiu, sendo também eterno e em permanente mudança; 3) o universo atual é uma etapa de um processo eterno ou uma das infinitas versões de universos diferentes e inimagináveis que se alternariam em ciclos determinados pelo Logos. Baseado nesta interpretação, nosso universo seria simplesmente uma etapa na existência eterna do sistema criador-criatura. Numa analogia prática, a atual etapa do universo seria como um dia de nossa vida. Este dia, como os demais é uma etapa direcionada para um objetivo ou destino mais amplo, que vai se moldando à medida em que os dias se acumulam.

 

Tal interpretação decorre da teoria da Big Bang. A principal base de sustenção da Big Bang é a de que o universo encontra-se em expansão, ou seja, tudo está se afastando de um determinado ponto, que teria sido a origem da grande explosão, numa analogia ao que ocorre ao se explodir um bomba, que lança estilhaços em todas as direções a partir do centro.

 

Tal movimento de expansão, contudo, não será eterno. Várias pesquisas apontam que o Universo, com a passagem do tempo, tende a se estreitar. Sua velocidade de expansão diminui cada vez mais, devido à atração gravitacional. Um dia o Cosmos encolherá de tal forma que ele entrará em colapso, fenômeno conhecido nos meios científicos como ‘Big Crunch’ (Grande Encolhimento).

 

Esta teoria pressupõe a existência de ciclos, os quais configuram o que se chama de Universo Oscilante. Ela foi proposta pelo físico Richard Tolman, que acreditava nas várias oscilações universais, as quais vão de tempos em tempos do ‘Big Bang’ ao ‘Big Crunch’, passando pelo inevitável colapso, o grande rebote.

 

No atual momento, o universo encontra-se ainda em expansão.Mas chegará o momento que o Universo encolherá gradualmente e, um dia, irá se contrair a ponto de novamente constituir um ovo cósmico, até que ele mais uma vez se desintegre e constitua um novo ‘Big Bang’, o que ocorre mais ou menos a cada 80 bilhões de anos.

 

Conforme a contagem atual, temos ainda o equivalente a 65 bilhões de anos de existência desse universo pela frente. É necessário lembrar, porém, que o Sol brilhará por mais apenas 5 bilhões de anos, quando o seu combustível, o hidrogênio, estará totalmente exaurido. Quando o sol morrer, a terra inevitavelmente morrerá com ele.

 

Entendo que a Teoria do Universo Oscilante reflete uma tendência facilmente verificável em nosso dia a dia. A natureza funciona de acordo com ciclos. As estações, as fases da lua, o dia e a noite, as marés e até mesmo o ciclo menstrual. Tudo parece estar girando e retornando periodicamente ao mesmo ponto repetidamente. Ora, se a presença dos ciclos é inerente ao funcionamento da natureza na Terra, é plausível supor que a presença dos ciclos seja também inerente ao universo como um todo, já que somos parte do mesmo universo. Por que não?

 

É necessário ressaltar que quaisquer idéias relacionadas a este tema não se fundamentam, pelo menos por enquanto, em bases passíveis de demonstração, mas são frutos de meras especulações. Quem defende esta ou aquela hipótese o faz por mera opção.

 

Assim, o PRINCÍPIO nada mais é que um ponto de divisão entre o antes e o depois. O depois representa o universo que ai está. Quanto ao antes, não é possível estabelecer uma tese definitiva e incontestável, por não dispormos de elementos para tal. A Bíblia quase nada diz sobre a eternidade passada, anterior à criação. Resta-nos apenas tentar construir uma versão que seja pelo menos verossímil, baseados nas escassas informações bíblicas e, principalmente, em nossa intuição, inteligência e no trabalho da ciência, que vem desvendando os segredos das nossas origens, baseando-se na própria ordem universal e nas pistas deixadas pelo próprio criador.

 

criou Deus

 

Há dois significados para o termo criar neste contexto: 1) Deus, em dado momento, criou o universo a partir do nada ou de si mesmo e 2) a criação foi uma transformação física na estrutura do universo oscilante, que teria existência paralela com o criador.

 

Há os que defendem a tese de que o universo não teve criador, mas sempre existiu, governado por suas próprias leis, que se estabeleceram ao acaso.

 

Todos são unânimes em afirmar que este universo é governado por leis que podem ser conhecidas e reproduzidas. O universo é uma entidade organizada e previsível, embora, conforme já discutimos nos comentários de João 1:1, tudo esteja em constante processo de mudança.

 

Considerando que "Todo sistema natural, quando deixado livre, evolui para um estado de máxima desordem, correspondente a uma entropia máxima." (2ª Lei da Termodinâmica), a existência de ordem é indício de ação inteligente e dirigida no sistema, sem a qual tudo tende ao caos. Assim, é inconcebível sustentar que a matéria tenha se organizado ao mero acaso, a ponto de produzir seres tão complexos e elaborados como nós, que adquirimos capacidade de explorar os mistérios de nossa própria origem.

 

Assim, baseados na ordem universal, podemos inferir que o universo foi criado ou do nada ou a partir da própria essência do criador, o Logos, que sustenta e dirige o universo, não mediante intervenções parciais e segundo interesses particulares, como sugerem as religiões, mas segundo leis naturais e espirituais (ou energéticas) previamente estabelecidas.

 

É importante ressaltar, por outro lado, que a criação, conforme atestam as evidências, não se deu como ato instantâneo, mas como processo. Seguindo o princípio universal de causa e efeito, certas coisas são necessárias para que outras ocorram. Segundo esse raciocínio, o processo da criação é permanente, ou seja, o universo é diferente a cada momento, em decorrência das mudanças que são implementadas a cada segundo, conforme as leis naturais previamente establecidas.

 

os céus e a terra

 

Os céus e a terra não vieram á existência simultaneamente. De acordo com a versão da ciência, a origem do universo ocorreu há 15 bilhões de anos, mas o surgimento da terra teria ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos, ou seja, os céus foram criados muito antes da terra, cerca de 10,5 bilhões de anos antes.

 

Por criação dos céus, entendo a criação de tudo, exceto a terra. O termo céus, no texto, são todas as galáxias, buracos negros, nebulosas, estrelas, incluindo o próprio sol, cuja origem se deu há 5 bilhões de anos, ou cerca de 500 milhões de anos antes do nascimento da terra.

 

É absolutamente arcaica e insustentável a versão apresentada pela própria Bíblia,segundo a qual o sol surgiu após a terra. Por mais absurda que seja a idéia, parte significativa dos cristãos atuais ainda a defedem. É importante lembrar que há pouco tempo a humanidade acreditava que a terra era estática e que o resto do universo girava em torno dela. A ciência porém demonstrou que o geocentrismo foi uma tolice, sustentada pela ignorância que dominou a maior parte da civilização, até o Renascimento.

 

Deixarei, entretanto, para discutir os detalhes acerca da criação da terra ao longo dos comentários ao texto do primeiro capítulo do livro de Gênesis, que constitui material relativamente vasto.

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