Mateus 1:21

ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.

Ela dará à luz

 

Seria uma gravidez normal, apesar do início sobrenatural e miraculoso. Todo o processo biológico se desenrolaria normalmente até o parto e também depois, já que Jesus era, do ponto de vista físico, um homem como qualquer outro, sujeito às mesmas necessidades e fragilidades próprias da espécie humana. 

 

um filho

 

Jesus, o Verbo encarnado, viria ao mundo como filho biológico de Maria. Quanto a José, restou a ele assumir o papel de pai adotivo, embora, na prática, perante a comunidade onde viviam, era tido como o pai biológico, já que a revelação do anjo provavelmente ficou restrita ao casal.

 

A quem chamarás Jesus

 

O nome Jesus vem do hebraico "Jehoshua", que após o cativeiro passou a ser escrito "Jeshua", que significa Jeová, o Salvador. Segundo o anjo, José deveria dar esse nome ao filho que nasceria em breve. Neste ponto é atribuída a José a paternidade da criança. Note que tal comunicação é feita, não como sugestão, mas como ordem. Em outras palavras, embora o filho que Maria trazia no ventre não fosse seu filho, deveria ser assumido como tal.

 

Porque ele salvará

 

É apresentada a missão, o objetivo pelo qual o Verbo encarnaria. Porém o verdadeiro sentido de salvar tem sido deturpado ao longo da história. Salvação é entendida como um livramento definitivo e irreversível, não da morte, mas do sofrimento eterno. Quem for salvo, não apenas se livrará para sempre do sofrimento, como habitará eternamente no paraíso, usufruindo de uma vida de absoluta felicidade e glória na presença do próprio Deus. Por outro lado, quem não for salvo, será condenado a sofrer e ser infeliz para sempre, sendo atormentado pelos séculos dos séculos nas entranhas do inferno.

 

Por mais simplista e absurda que esta visão possa ser, a maioria dos cristãos acredita nela cegamente. Em outro momento essa questão será discutida com profundidade, mas por ora é suficiente dizer que tal conceito de salvação é incompatível com a sabedoria e o amor infinitos do Criador. De fato, tal visão coloca Deus na posição de um tirano extremamente cruel, por sujeitar cada uma das 7 bilhões de pessoas que atualmente vivem no planeta Terra, além de outras bilhões que já morreram, a uma prova tão difícil, que é a de definir seu destino eterno com base em escolhas feitas e comportamentos adotados no decorrer de algumas décadas, e isso quando se chega a tanto, já que alguns morrem antes mesmo de nascer. Poderíamos chamá-los de afortunados que garantiram sua vaga no paraíso sem passar por qualquer prova? Mas seria isso justo com os que tiveram o "privilégio" de chegar aos 80 anos?

 

Mesmo que se viva por 100 anos, trata-se de um período insignificante diante da eternidade. E mais: como poderia o Criador, tão sábio, tão poderoso e tão amoroso condenar e manter pessoas numa condição de sofrimento eterno, permanecendo insensível ao clamor daqueles que eventualmente se arrependem? 

 

A salvação que Jesus realmente proporciona, portanto, nada tem a ver com o conceito comumente adotado. A salvação é na verdade o caminho para o crescimento espiritual. O Verbo se faria carne para mostrar o Caminho, para ser exemplo vivo de como se deve viver e agir para que se alcance posições superiores de maturidade e assim, nos qualificar para receber maiores responsabilidades do criador. No momento, é sufiente o que já se disse sobre a questão, a qual será abordada com maior profundidade em outra ocasião.

 

O mais importante, por enquanto, é  entender que uma reformulação da idéia convencional sobre a salvação que Jesus veio proporcionar se faz necessária.

 

O seu povo

 

Inicialmente, segundo a versão convencional, Jesus nasceria para salvar apenas Israel. Por ter sido rejeitado pelo próprio povo, resolveu estender a salvação aos demais, chamados de gentios. Mais uma vez temos aqui um favoritismo incompatível com a verdadeira natureza do Criador, que não faz acepção de pessoas. Ao contrário, Ele deseja o crescimento de todos. Porém, deixa que cada um o faça mediante suas próprias escolhas. Assim, é preconceituosa e infundada a visão de que Deus teria escolhido um determinado povo para chamar de seu. Por que o faria, se tudo o que existe foi feito por Ele?

 

dos seus pecados 

 

Pecar significa "perder o alvo". Perder o alvo não é necessariamente um mal. Quando alguém comete erros ou faz escolhas que levam à perda do alvo, sofrerá consequências. Tais consequências, embora indesejáveis, são necessárias para que haja disciplina e amadurecimento. Assim, a missão de Jesus consiste em ajudar as pessoas a se manterem no alvo, que é o crescimento espiritual. A salvação não é um ponto de chegada ou um destino final e definitivo, mas um processo de aprendizado permanente, um caminhar contínuo. Como em todo aprendizado, o erro é inevitável e necessário.

 

Perder o alvo não gera condenação eterna, por ser um estado temporário, suscetível de ser mudado a qualquer momento, mediante arrependimento e mudança de escolhas e ações. Quem peca, ou seja, quem perde o alvo, atrasa a sua cominhada para o crescimento, pois é necessário refazer o percurso, como o estudante que precisa voltar e rever o conteúdo que não aprendeu. Em muitos casos, muitas conquistas são perdidas, sendo às vezes necessário recomeçar do zero. Mas o importante é que sempre é possível recomeçar. Sempre é possível reencontrar o alvo. Jesus viveu para demonstrar que, por pior que seja qualquer situação, ela pode ser mudada para melhor. Ao mesmo tempo, é necessário lembrar igualmente que, por melhor que esteja uma situação, ela também pode mudar, inclusive para pior. Tudo vai depender das escolhas que fizermos e do comportamento que adotarmos. Cada um colherá de acordo com o que semear.

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